quinta-feira, 20 de setembro de 2012

TEMÁTICA

“De todas as tendências humanas, a agressividade, em especial, é escondida, disfarçada, desviada, atribuída a agentes externos, e quando se manifesta é sempre uma tarefa difícil de identificar suas origens”. (Winnicott, 1939:89)

A agressividade é a forma que a criança encontra de exteriorizar o que esta lhe incomodando, na família ou na escola. Sente-se insegura e manifesta através da agressividade. É preciso muito cuidado no momento em que se observa uma criança com esse tipo de comportamento, pois normalmente consideramos como má educação e na maioria das vezes é a manifestação de que tem algo de errado acontecendo. Para Winnicott, nascemos com esse “instinto” e o desenvolvemos dependendo do ambiente em que vivemos.

AGRESSIVIDADE

Conforme citado acima segundo Winnicott, o estudo da agressividade deve inserir-se em uma teoria do processo de maturação do ser humano, desde o nascimento até a morte. (LINS,2000).

“ O processo de maturação é desdobrado em etapas, que vão dos estágios primitivos de dependência absoluta, passam pelos estágios ainda iniciais de dependência relativa e de rumo à independência e chegam aos estágios denominados de independência relativa”. (ANDRADE, 2007, p. 44).
No processo de dependência absoluta a unidade é a dupla mãe-bebê. Esse estágio (fusão entre individuo e ambiente) é chamado de “narcisismo primário”. O bebê recém-nascido necessita do amor e dos cuidados da mãe e ela deve realizar suas tarefas com prazer ou tudo o que fizer será mecânico e sem sentido.

Winnicott ressalta duas mães, a “mãe-ambiente” que fornece os cuidados ambientais totais propiciando um mundo estável ao bebê e a “mãe-objeto” que é alvo dos impulsos excitados.
No processo de dependência relativa (6 meses a 2 anos aproximadamente) há o início da desadaptação da mãe às necessidades de seu filho. É considerada uma fase importante para que o bebê adquira a compreensão de que existe um mundo independente dele.

A construção da confiança, assim como a compreensão intelectual propiciam a criança alcançar o estágio de independência relativa, pois segundo Winnicott, nunca seremos completamente independentes do ambiente. No primeiro momento a criança é influenciada pelo meio micro social, ou seja, pela sua família, somente depois que irá assimilar os valores da sociedade e dos meios de comunicação.

Quando o bebê nasce, ele trás impulsos amorosos e agressivos, e à medida que vai sendo cuidado pelos pais, passa a construir vínculos afetivos e a desenvolver seu relacionamento interpessoal. É através da sensação de ser protegido e cuidado e dos limites que vão sendo impostos que a criança vai alicerçando sua personalidade. 

Seus impulsos amorosos ou agressivos são construídos no ventre da mãe, de acordo como ela conduz a gestação. Através de seus sentimentos como: alegria, tristeza, insegurança, raiva e tantos outros, que podem ser deteminantes para o bebê.


Para Winnicott (1982) a agressividade também é tida como uma das muitas fontes de energia de um indivíduo. Sendo assim todos nós estamos lidando com nossas cargas de impulso agressivo o tempo todo. O que diferencia um indivíduo do outro são as maneiras de manobrar esses impulsos, maneiras, essas extraídas da experiência do indivíduo com o meio em que vive e das relações que estabelece com outras pessoas.

É de se esperar que a criança que sofre por agressões  e  que presencia nas pessoas que as cercam, se tornem mais agressivas do que as crianças que tem modelos menos agressivos. 

De acordo com Winnicott (1982) uma pessoa pode tender para a agressividade enquanto outra dificilmente demonstrará qualquer sintoma agressivo. É extremamente importante, que ainda na infância, a criança tenha oportunidade de expressar alguns de seus impulsos agressivos sem que se sinta menos amada.


“A criança normal, ajudada nos estágios iniciais pelo seu próprio lar, desenvolve a capacidade para controlar-se. Desenvolve o que é denominado, por vezes, “ambiente interno”, com uma tendência para descobrir um bom meio. A criança anti-social, doente, não tendo tido a oportunidade de criar um bom “ambiente interno”, necessita absolutamente de um controle externo se quiser ser feliz e capaz de brincar ou trabalhar.” (Winnicott, 1946:123)
 

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

PROBLEMÁTICA

O QUE GERA AGRESSIVIDADE INFANTIL?
 
Alguns fatores geradores dessa agressividade podem estar relacionados a necessidade de amor, atenção e carinho. É importante que a criança sinta-se aceita e valorizada. Crianças educadas com limites claros, amor, carinho e brincadeiras  certamente  serão crianças menos agressivas.

Os impulsos agressivos e amorosos são contrapontos que interagem entre si, misturando-se e lutando constantemente por obtenção de um domínio de uma predominância. Assim são os humanos, constituídos por esses dois fortes impulsos e que sustentam a estrutura humana, qualquer um deles podem prevalecer, depende de como a estrutura psíquica foi inscrita, sob a força do amor, do amparo da lei ou sob a força do impulso agressivo da rejeição e do desamparo psíquico. A educação e o exemplo dos pais são essenciais para determinar a reação dos pequenos diante dos obstáculos da vida. 
Conforme a criança cresce, sua agressividade poderá diminuir  ou aumentar, dependendo de como o problema for administrado pela família. 

O problema atualmente é que as crianças não podem contar com essa sólida e tão importante instituição chamada família. Inúmeras crianças não têm em sua casa os referenciais básicos que possam ser seguidos, imitados e tidos como modelo. Além disso, existem problemas como a falta de tempo dos pais, a entrada antecipada na escola e aumento da permanência nessa, fora a imensa variedade de programas, jogos (vídeo game) e desenhos classificados como infantis, mas que na realidade trazem diversas manifestações agressivas que acabam servindo como “modelo imitativo” para as crianças
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domingo, 16 de setembro de 2012

CONCLUSÃO

Concluímos que nem sempre estratégias como castigar ou punir funcionam, o mais importante é que a criança entenda que existe limite para suas atitudes e que seu comportamento pode não ser aprovado pelas outras pessoas. Piaget (1932/1965) traduziu sanções como punições. Ao invés de ver as sanções por reciprocidade como punições, recomendamos pensar nessas como consequências.

Contrastando com as sanções expiatórias, as sanções por reciprocidade salientam a ruptura do vínculo social pelo mau comportamento de uma criança. Todas as faltas ocorrem em um contexto social, envolvendo relacionamentos sociais que são, de alguma forma, perturbados como resultado do mau ato. Quando os materiais são usados incorretamente ou quebrados, outros que também desfrutam de seu uso são privados de fazê-lo e podem ficar zangados ou tristes. Quando alguém mente, outros podem sentir que não podem mais confiar naquele que contou a mentira. Ocorre uma perturbação no vínculo social, que exige reparo. Assim, o professor apenas precisa chamar a atenção para a consequência da ruptura das relações sociais. Piaget afirma que "a censura não precisa mais ser enfatizada por meio de punição dolorosa: ela é exercida plenamente, desde que as medidas tomadas por meio da reciprocidade façam com que o transgressor perceba o significado de suas mãos".

Para que uma sanção seja efetiva, a criança deve valorizar o vínculo social e desejar sua restauração. Portanto, relacionamento pessoal próximo entre professores construtivistas e as crianças oferece uma importante base para o uso efetivo de sanções por reciprocidade. Da mesma forma, as relações das crianças umas com as outras também são cruciais para a efetividade das sanções por reciprocidade.

As sanções por reciprocidade têm em comum a comunicação, rompimento de um vínculo social tal como desapontamento, raiva ou perda da confiança. Isto é, a disponibilidade mútua em um relacionamento foi interrompida. Em uma sanção por reciprocidade, a pessoa prejudicada responde à ofensa ou ferimento retirando a confiança ou boa vontade. Ela sinaliza claramente que a mutualidade está perturbada e que o causador do dano não pode mais desfrutar dos prazeres e vantagens do relacionamento anterior. A fim de restabelecer a antiga mutualidade, aquele que errou deve agir no sentido de compensar o sentimento de desconforto e restaurar o relacionamento.

Professores e pais devem servir como exemplos para as crianças. Por mais que elas aparentem ser agressivas ou violentas, são crianças e necessitam da ajuda, do carinho e da paciência dos adultos. Na escola ou em casa, cabe aos responsáveis organizar uma rotina e ir introduzindo elementos novos para aprendizagem, como leitura, brincadeiras dirigidas, oficinas de artes, de acordo com o currículo e com a temática a ser trabalhada. 
O professor precisa estar atento para diariamente trabalhar possíveis conflitos de agressividade na sala de aula e a família em casa assim compartilham desse desenvolvimento e amadurecimento juntos.

sábado, 15 de setembro de 2012