Conforme citado acima segundo Winnicott, o estudo da agressividade deve
inserir-se em uma teoria do processo de maturação do ser humano, desde o nascimento
até a morte. (LINS,2000).
“ O processo de maturação é desdobrado em etapas,
que vão dos estágios primitivos de dependência absoluta, passam pelos estágios
ainda iniciais de dependência relativa e de rumo à independência e chegam aos
estágios denominados de independência relativa”. (ANDRADE, 2007, p. 44).
No processo de dependência absoluta a unidade é a
dupla mãe-bebê. Esse estágio (fusão entre individuo e ambiente) é chamado de
“narcisismo primário”. O bebê recém-nascido necessita do amor e dos cuidados da
mãe e ela deve realizar suas tarefas com prazer ou tudo o que fizer será
mecânico e sem sentido.
Winnicott ressalta duas mães, a “mãe-ambiente” que
fornece os cuidados ambientais totais propiciando um mundo estável ao bebê e a
“mãe-objeto” que é alvo dos impulsos excitados.
No processo de dependência relativa (6 meses a 2
anos aproximadamente) há o início da desadaptação da mãe às necessidades de seu
filho. É considerada uma fase importante para que o bebê adquira a compreensão
de que existe um mundo independente dele.
A construção da confiança, assim como a compreensão intelectual propiciam a criança alcançar o estágio de independência relativa, pois segundo Winnicott, nunca seremos completamente independentes do ambiente. No primeiro momento a criança é influenciada pelo
meio micro social, ou seja, pela sua família, somente depois que irá assimilar
os valores da sociedade e dos meios de comunicação.
Quando o bebê nasce, ele trás impulsos amorosos e
agressivos, e à medida que vai sendo cuidado pelos pais, passa a construir
vínculos afetivos e a desenvolver seu relacionamento interpessoal. É através da
sensação de ser protegido e cuidado e dos limites que vão sendo impostos que a
criança vai alicerçando sua personalidade.
Seus impulsos amorosos ou agressivos
são construídos no ventre da mãe, de acordo como ela conduz a gestação. Através
de seus sentimentos como: alegria, tristeza, insegurança, raiva e tantos
outros, que podem ser deteminantes para o bebê.
Para Winnicott (1982) a agressividade também é tida
como uma das muitas fontes de energia de um indivíduo. Sendo assim todos nós
estamos lidando com nossas cargas de impulso agressivo o tempo todo. O que
diferencia um indivíduo do outro são as maneiras de manobrar esses impulsos,
maneiras, essas extraídas da experiência do indivíduo com o meio em que vive e
das relações que estabelece com outras pessoas.
É de se esperar que a criança que sofre por
agressões e que presencia nas pessoas que as cercam, se tornem
mais agressivas do que as crianças que tem modelos menos agressivos.
De acordo com Winnicott (1982) uma pessoa pode tender para a agressividade enquanto outra dificilmente demonstrará qualquer sintoma agressivo. É extremamente importante, que ainda na infância, a criança tenha oportunidade de expressar alguns de seus impulsos agressivos sem que se sinta menos amada.
“A criança normal, ajudada nos estágios iniciais pelo seu próprio lar, desenvolve a capacidade para controlar-se. Desenvolve o que é denominado, por vezes, “ambiente interno”, com uma tendência para descobrir um bom meio. A criança anti-social, doente, não tendo tido a oportunidade de criar um bom “ambiente interno”, necessita absolutamente de um controle externo se quiser ser feliz e capaz de brincar ou trabalhar.” (Winnicott, 1946:123)